Poemas de amor
Poemas de amor
O amor
O amor, quando se revela,
Não se sabe revelar.Sabe bem olhar p´ra ela,
Mas não lhe sabe falar.
Quem quer dizer o que sente Não sabe o que há de *dizer.
Fala: parece que mente Cala:
parece esquecer Ah, mas se ela adivinhasse,
Se pudesse ouvir o olhar,
E se um olhar lhe bastasse
Pr´a saber que a estão a amar!
Mas quem sente muito, cala;
Quem quer dizer quanto sente Fica sem alma nem fala,
Fica só, inteiramente!
Mas se isto puder contar-lhe
O que não lhe ouso contar,
Já não terei que falar-lhe Porque lhe estou a falar.
Intervalo amoroso
O que fazer entre um orgasmo e outro,
quando se abre um intervalo sem teu corpo? ]
Onde estou,
quando não estou no teu gozo incluído?
Sou todo exílio?
Que imperfeita forma de ser é essa quando de ti sou apartado?
Que neutra forma toco quando não toco teus seios,
coxas e não recolho o sopro da vida de tua boca?
O que fazer entre um poema e outro olhando a cama, a folha fria?
Quem Namora
Quem namora agrada a Deus.
Namorar é a forma bonita de viver um amor.
Não namora quem cobra nem quem desconfia.
Namora, quem lê nos olhos e sente no coração as vontades saborosas do outro.
Namora, quem se embeleza em estado de amor A pele melhor,
o olhar com brilho de manhã.
Namora,
quem suspira,
quem não sabe esperar,
mas espera,
quem se sacode de taquicardia e timidez diante da paixão.
Namora, quem ri por bobagem,
quem entra em estado de música da Metro,
quem sente frios e calores nas horas menos recomendáveis.
Não namora quem ofende,
quem transforma a relação num inferno,
ainda que por amor.
Amor às vezes entorta, sabia?
E quando acontece, o feito pra bom faz-se ruim.
Não namora quem só fala em si e deseja o parceiro apenas para a glória do próprio eu.
Não namora quem busca a compreensão para a sua parte ruim.
O invejoso não namora.
Tampouco o violento! Namorados que se prezam tem a sua música.
E não temem se derreter quando ela toca.
Ou, se o namoro acabou, nunca mais dela se esquecem.
Namorados que se prezam gostam de beijo,
suspiro, morderem o mesmo pastel, dividir a empada, beber no mesmo copo.
Apreciam ternurinhas que matam de vergonha fora do namoro ou lhes parecem ridículas nos outros.
Por falar em beijo, só namora quem beija de mil maneiras e sabe cada pedaço e gostinho da boca amada.
Beijo de roçar, beijo fundo,
inteirão, os molhados, os de língua, beijo na testa, beijo livre como o pensamento,
beijo na hora certa e no lugar desejado. Sem medo nem preconceito.
Beijo na face, na nuca e aquele especial atrás da orelha no lugar que só ele ou ela conhece.
Namora, quem começa a ver muito mais no mesmo que sempre viu e jamais reparou.
Flores, árvores,
a santidade, o perdão, Deus, tudo fica mais fácil para quem sabe de verdade o que é namorar.
Por isso só namora quem se descobre dono de um lindo amor, tecido do melhor de si mesmo e do outro.
Só namora quem não precisa explicar,
quem já começa a falar pelo fim,
quem consegue manifestar com clareza e facilidade tudo o que fora do namoro é complicado.
Namora, quem diz: "Precisamos muito conversar"; e quem é capaz de perder tempo, muito tempo, com a mais útil das inutilidades e pensar no ser amado,
degustar cada momento vivido e recordar palavras,
fotos e carícias com uma vontade doida de estourar o tempo e embebedar-se de flores astrais.
Namora, quem fala da infância e da fazenda das férias, quem aguarda com aflição,
o telefone tocar e dá um salto para atendê-lo antes mesmo do primeiro trim.
Namora quem namora, quem à toa chora, quem rememora,
quem comemora datas que o outro esqueceu.
Namora quem é bom, quem gosta da vida, de nuvem, de rio gelado e de parque de diversões.
Namora quem sonha, quem teima, quem vive morrendo de amor e quem morre vivendo de amar.